Negligência? Duas gestantes e um bebê morrem na mesma semana em maternidade gerenciada por OSS

Negligência? Duas gestantes e um bebê morrem na mesma semana em maternidade gerenciada por OSS

Não é de hoje que a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), organização social de saúde (OSS) ligada à Unifesp e que atua em diversos municípios paulistas, está envolvida em denúncias de irregularidades financeiras e de ordem técnica.

Falta de médicos, implantação deficitária de serviço de atendimento ao usuário, dificuldade para agendar retornos e reformas e aquisição de equipamentos atrasadas ou não iniciadas são alguns dos problemas já investigados pelo Ministério Público na capital.

Em outros municípios órgãos fiscalizadores como TCE e o próprio MP chegaram a orientar prefeituras a não contratar ou a não renovar contratos com a entidade, atolada em dívidas e protestos.

No mês de setembro do ano passado, porém, não foram números negativos de balancetes ou indicadores de atendimento que geraram polêmica envolvendo o nome da entidade. Na ocasião chamou atenção duas mortes de gestantes na mesma semana, ocorrida na mesma maternidade, em Taboão da Serra.

A maternidade do Pronto Socorro do Antena, onde os óbitos ocorreram, é gerida pela SPDM, desde abril de 2013. As mortes até hoje não foram devidamente esclarecidas e seguem gerando indignação nas famílias das vítimas, que acusam de falho o atendimento no local.

No dia 3 de setembro de 2014, o jornal Taboão em foco, apontou que maternidade, no bairro de Jardim Record, foi alvo de requerimento de esclarecimentos dos vereadores por ter

A primeira morte aconteceu no dia 26 de agosto de 2014. Angélica Gomes de Oliveira, 25 anos, que teve complicações durante o parto e apesar de ter sido transferida para o Hospital Geral do Pirajussara (HGP) acabou morrendo. O bebê chegou a ficar internado, mas passa bem.

Apenas sete dias após a morte anterior, o pronto socorro foi palco de mais uma tragédia. A gestante Adriana Maria Andrade, 37 anos, e o seu filho morreram durante o trabalho de parto. A família acusa o hospital de negligência médica e registrou um boletim de ocorrência.

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Conforme relato publicado pelo site Verbo Online o médico que efetuou o parto ignorou o pedido de cesárea e iniciou o parto normal. Após tentar tirar o bebê do útero da mãe sem êxito, o médico chegou a quebrar a clavícula do bebê para tentar empurrá-lo de volta ao útero, quando observou que o parto normal não seria possível.

A família da vítima chegou a dizer na época que os dados de entrada e óbitos teriam sido modificados da ficha da paciente, para que o médico que fez o parto, que deixou a unidade em seguida, não fosse responsabilizado. “Colocaram no horário do próximo plantão, logo ele não será responsabilizado. Na verdade, não houve declaração do médico [sobre a causa das mortes], ele simplesmente foi embora”, denuncia um familiar. O pai de Adriana não quis assinar declaração de óbito e foi à delegacia registrar o BO.

Nota

Ao Jornal Taboão em Foco, a Secretaria de Saúde enviou uma nota de apenas um parágrafo, informando que “foi solicitado a abertura de processo para investigação de circunstâncias e causas dos óbitos”. Já a direção da SPDM disse que o caso foi encaminhado para comissão de ética e o Conselho Regional de Medicina.

Mortalidade geral

Um estudo produzido pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo, que compara os dois métodos de administração (direta x terceirizada, via OSS), mostra que os custos das OSs são mais altos, os doentes ficam mais tempo sozinhos nos leitos, e a taxa de mortalidade geral é maior do que nas administrações diretas. O estudo consta de uma reportagem do Jornal O Estado de São Paulo, do dia 18 de novembro de 2010.

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