Organizações Sociais (OSs) no serviço público quase sempre vêm acompanhadas de quarteirização. E as subcontratações de empresas para executar serviços para a empresas terceirizada, por sua vez contratada pela administração pública, trazem ainda mais precarização a trabalhadores e ao atendimento.
Nesta sexta-feira (7/8) o Jornal A Tribuna publicou os reflexos que essa política traz. Os fatos desmentem os gestores que defendem o modelo utilizando, cinicamente, palavras como eficiência, agilidade e inovação.
A Fundação ABC foi a escolhida pelo prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), para atuar na futura UPA, que substituirá o PS Central nos próximos dias.
Irresponsabilidade que será compartilhada com quem depende do atendimento, com os trabalhadores e com os contribuintes que pagarão os R$ 19 milhões para a empresa que já tem uma longa ficha corrida de irregularidades em outras cidades onde atua ou já atuou.
Veja a matéria de A Tribuna:
Depois de restrições na alimentação nos últimos meses, os funcionários do Complexo de Saúde Irmã Dulce, em Praia Grande, ficaram sem almoço nesta sexta-feira (7). A JLA Alimentação suspendeu o fornecimento de comida e água aos trabalhadores por conta de atrasos no pagamento do serviço por parte da Fundação do ABC, Organização Social de Saúde responsável pela administração do hospital.
“Já vinham diminuindo a comida há três meses. Não estava tendo guarnição, salada e sobremesa. Estavam servindo arroz, feijão e mistura. Hoje, cortaram tudo”, aponta um auxiliar de enfermagem do Pronto Socorro, que pediu para não ser identificado.”Os funcionários estão pedindo dinheiro uns para os outros para poder comer. Não recebemos vale-refeição porque a alimentação era fornecida aqui”.
Ele cita que, apesar de a alimentação para os pacientes não ter sido cortada, o cardápio para as pessoas internadas previa apenas sopas.
Outra funcionária afirma que, além da comida, a empresa também deixou de entregar água. “Estamos sem água potável”, reclama.
O diretor da JLA Alimentação, José Amancio, conta que a empresa não recebe repasses da Fundação do ABC desde dezembro do ano passado e que a dívida acumulada é de R$ 7,7 milhões. “Nós entrávamos em contato e diziam que iam ser feitos os pagamentos, mas não foram feitos. Hoje não teve alimentação para os funcionários, a única alimentação servida foi para os pacientes porque eles não podem ter prejuízo nenhum à saúde”.
Ele admite, assim como revelou um dos funcionários, que a refeição servida aos pacientes no almoço desta sexta-feira foi sopa, mas garante que a alimentação “supre as necessidades nutricionais”. O diretor nega, porém, que a restrição tenha começado há três meses. “Só em julho”.
Depois de A Tribuna On-line procurar a Fundação do ABC para cobrar um posicionamento, José recebeu a ligação de um representante da Organização Social. “Mais uma vez concedemos um voto de confiança e vamos normalizar a alimentação no jantar”, prometeu José.
Na segunda-feira (10), haverá reunião entre a empresa e a entidade. “Na reunião vamos decidir se tem um acerto ou se haverá paralisação total”.
A Fundação do ABC disse, por meio de nota, que os atrasos de pagamento à empresa JLA se deram por questões contratuais. “Entendimentos visando a regularização já ocorreram nesta tarde e o fornecimento foi normalizado para o período noturno e demais dias subsequentes”, informou, sem citar prazo para quitação da dívida.