Depois de anos de sucateamento, OSs surgem como solução mágica no Distrito Federal

Depois de anos de sucateamento, OSs surgem como solução mágica no Distrito Federal

Depois de seguidas matérias na imprensa sobre o descalabro que tomou conta do sistema de saúde público do Distrito Federal, fruto de sucessivos governos irresponsáveis, a Secretaria de Saúde prepara um “plano de reestruturação” com direito previsão de terceirização de hospitais para as Organizações Sociais de Saúde (OSSs).

O plano foi noticiado nesta quarta-feira (23) no portal de notícia G1. No mesmo dia o Jornal Bom Dia Brasil mostrou novamente o caos instalado no principal hospital de Brasília – o Hospital de Base, onde um médico surtou ao receber mais um paciente grave sem que a unidade oferecesse condições mínimas de atendimento.

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A ideia “brilhante” de terceirizar, alega o Governo, ajudaria o DF a expandir o atendimento sem se complicar com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), pois os contratos não entram na folha de pagamento direta do governo.

Mas o que está ruim no Distrito Federal pode ficar ainda pior, alertam entidades sindicais que representam os trabalhadores de saúde. Os sindicalistas e trabalhadores são contra a contratação de organizações sociais e dizem que a proposta representa “privatização do SUS”. Os sindicatos também afirmam que a gestão compartilhada facilita esquemas de corrupção porque a fiscalização fica mais difícil.

É exatamente essa obscuridade no modelo que o Ataque aos Cofres Públicos vem denunciando seguidamente neste site. Veja aqui um mini-dossiê que resume a atuação irregular e muitas vezes criminosa deste tipo de entidade no Brasil afora. 

No Distrito Federal

Em 2011, o Governo do Distrito Federal teve de reassumir a direção do Hospital de Santa Maria após dois anos de gestão da Real Sociedade Espanhola por um contrato com várias irregularidades e sem licitação, com repasses de R$ 22 milhões mensais.

A entidade chegou a ser desqualificada como OSS e ficou impedida de celebrar contratos com o poder público.

Terceirizar não é o caminho. O caminho é investir no SUS, contratar mais profissionais por concurso público e reduzir cargos comissionados. Veja a análise de jornalista Alexandre Garcia, que mostra que o problema é de gestão e financiamento.

SISTEMA FRAUDULENTO ORGANIZADO PARA LUCRAR ÀS CUSTAS DO ESTADO

Ocips e Organizações Sociais (OSs), ONGs e outros tipos de entidades “sem fins lucrativos” recebendo dinheiro público nada mais são que empresas com redes de atuação muitas vezes bem organizadas e sofisticadas para lucrar burlando os mecanismos de controle de gastos em áreas públicas e fraudando o estado. Quase sempre atuam em vários municípios de mais de um estado da federação.

Conforme documento da Frente em Defesa dos Serviços Públicos, Estatais e de Qualidade, “OSs e oscips somente se interessam em atuar em cidades e em serviços onde é possível morder sobretaxas nas compras de muitos materiais e equipamentos e onde pode pagar baixos salários. O resultado é superfaturamento em todas as compras (o modelo dispensa licitação para adquirir insumos e equipamentos), a contratação sem concurso público de profissionais com baixa qualificação e, por vezes, falsos profissionais.

O dinheiro que é gasto desnecessariamente nos contratos com estas empresas sai do bolso do contribuinte, que paga pelos serviços públicos mesmo sem utilizá-los e acaba custeando o superfaturamento e os esquemas de propinas para partidos e apadrinhados políticos”.

Santos está caminhando nesta direção desde o final de 2013, quando o governo municipal criou o projeto de lei das OSs e os vereadores a transformaram em lei sem qualquer discussão com a população.

A primeira unidade a ser terceirizada será a UPA que substituirá o PS Central. O contrato deve ser assinado nesta semana e os trabalhos da Fundação ABC, escolhida para tomar conta da unidade, começam 45 dias depois. Há a intenção do governo em firmar contratos no Hospital de Clínicas (antigo Hospital dos Estivadores) e também em unidades e programas da área da Cultura, Educação, Esporte e Assistência Social.

Para saber mais sobre esse verdadeiro golpe em andamento leia a cartilha Santos, Organizações Sociais e o Desvio do Dinheiro Público.

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