Calote de OS: Justiça bloqueia R$ 1 milhão de Prefeitura para pagar salários atrasados

Calote de OS: Justiça bloqueia R$ 1 milhão de Prefeitura para pagar salários atrasados

É sempre assim. As Organizações Sociais (OSs) chegam na saúde pública ou mesmo nas áreas da cultura, educação, assistência social e até esportes com a promessa de revolucionar a gestão dos serviços.

As autoridades alardeiam que descobriram a fórmula mágica para acabar com os problemas no atendimento sem estourar o limite de gastos com pessoal estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

E normalmente sem consulta à população e com a ajuda de vereadores amigos do governo, experts em manobrar para apunhalar servidores e usuários, os políticos aprovam as leis que permitem os chamados contratos de publicização (eufemismo para privatização).

O resultado desse golpe é muita corrupção com dinheiro público ou, na menos pior das hipóteses, dívidas trabalhistas enormes que depois são pagas pela prefeitura. Pagas com o dinheiro dos contribuintes que sofrem duas vezes o saque aos cofres públicos.

O caso de Nova Odessa reune os dois casos. Uma matéria do G1, publicada no último dia 28/11 mostra bem isso. Segundo a reportagem, a Justiça do Trabalho bloqueou R$ 1,1 milhão da Prefeitura de Nova Odessa (SP) para pagamento de rescisões e salários atrasados de ex-funcionários do Instituto de Ciências da Vida (ICV), que prestava serviços na área de saúde ao município, inclusive no hospital municipal.

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Ação foi movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra a administração, que responde solidariamente sempre que algum espertalhão que presta serviços ao Executivo deixa os trabalhadores terceirizados na mão.

A decisão dada foi na segunda-feira (26) pela 1ª Vara de Americana (SP). De acordo com o MPT, a Prefeitura rompeu o contrato com a organização social, alegando má qualidade dos serviços prestados e falta de apresentação das contas.

Depois da quebra do acordo, em abril, a Prefeitura deixou de repassar os valores para pagamento dos salários e alegou que a atitude era uma sanção pelo rompimento do convênio.

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Para o G1 a Prefeitura se posicionou dizendo que ainda não foi notificada oficialmente e que pediu mais explicações à Justiça sobre a decisão. Conforme o MPT, a administração pode recorrer no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), mas isso não impede que o bloqueio do valor seja feito imediatamente e repassado aos ex-funcionários do ICV.

O Ministério do Trabalho ainda informou que abriu inquérito para apurar a conduta do município, que decidiu suspender o pagamento dos salários e das rescisões, em um valor que chega a R$ 1,6 milhão, por conta da quebra do contrato. O órgão considerou a atitude ilegal. O instituto prestava serviços às unidades de saúde da cidade e também ao Hospital Municipal de Nova Odessa.

Em abril deste ano, ainda em Nova Odessa, o Instituto Vida e Ciência (ICV) esteve no topo de um escândalo que por pouco não gerou danos mais graves a um jornalista que fez a denúncia.

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O profissional vinha denunciando o prefeito Benjamim Bill Vieira de Souza (PSDB) e alguns assessores de participarem de um suposto esquema de corrupção entre o Executivo e a OS. Leia aqui.

ICV estava envolvida no caso dos falsos médicos

O ICV ainda foi acusado de graves irregularidades em outros contratos. Em agosto deste ano mostramos aqui no Ataque aos Cofres Públicos que a entidade contratou vários médicos falsos para PS de Franca (SP). Veja aqui o caso.

SISTEMA FRAUDULENTO ORGANIZADO PARA LUCRAR ÀS CUSTAS DO ESTADO

Organizações Sociais (OSs), Oscips, ONGs e outros tipos de entidades “sem fins lucrativos” recebendo dinheiro público nada mais são que empresas com redes de atuação muitas vezes bem organizadas e sofisticadas para lucrar burlando os mecanismos de controle de gastos em áreas públicas e fraudando o estado. Quase sempre atuam em vários municípios de mais de um estado da federação.

Conforme documento da Frente em Defesa dos Serviços Públicos, Estatais e de Qualidade, “OSs e oscips somente se interessam em atuar em cidades e em serviços onde é possível morder sobretaxas nas compras de muitos materiais e equipamentos e onde pode pagar baixos salários. O resultado é superfaturamento em todas as compras (o modelo dispensa licitação para adquirir insumos e equipamentos), a contratação sem concurso público de profissionais com baixa qualificação e, por vezes, falsos profissionais.

O dinheiro que é gasto desnecessariamente nos contratos com estas empresas sai do bolso do contribuinte, que paga pelos serviços públicos mesmo sem utilizá-los e acaba custeando o superfaturamento e os esquemas de propinas para partidos e apadrinhados políticos”.

Santos está caminhando nesta direção desde o final de 2013, quando o governo municipal criou o projeto de lei das OSs e os vereadores a transformaram em lei sem qualquer discussão com a população.

A primeira unidade a ser terceirizada será a UPA que substituirá o PS Central. O contrato deve ser assinado nos próximos dias e os trabalhos da Fundação ABC, escolhida para tomar conta da unidade, começam 45 dias depois. Há a intenção do governo em firmar contratos no Hospital de Clínicas (antigo Hospital dos Estivadores) e também em unidades e programas da área da Cultura, Educação, Esporte e Assistência Social.

Para saber mais sobre esse verdadeiro golpe em andamento leia a cartilha Santos, Organizações Sociais e o Desvio do Dinheiro Público.

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