USO COM FINS ELEITORAIS FAZ DA CÂMARA UMA CASA DE HOMENAGENS

A disfarçada campanha eleitoral utiliza-se da entrega de um excessivo número de títulos de cidadão, medalhas e placas honorárias a entidades, instituições, dirigentes de entidades, líderes classistas, profissionais liberais, figuras públicas e comerciantes. A estratégia cobre um arco de pessoas com popularidade ou prestígio e capacidade de influenciar eleitoralmente eu seus redutos de atuação.
O vereador Sadao Nakai (PSDB, segundo mandato) homenageia o pasteleiro Akira, muito conhecido na Ponta da Praia. Além da densidade eleitoral do bairro, o ato político explora a popularidade do pastel, do pasteleiro e reforça o crédito do parlamentar com a comunidade japonesa da qual faz parte. Ademir Pestana (PSDB, terceiro mandato, Beneficência Portuguesa), homenageia médicos. Dentre eles, o ortopedista Claudino Guerra Zenaide (Santos Clínica, presidente da Unimed). Corporativismo, bairrismo e o interesse permeiam o espectro político.
Em um ato Murilo Amado Barletta (PR, primeiro mandato) também mira com precisão. Projetado a partir da Associação de Engenheiro e Arquitetos, no Boqueirão, propõe Placa em comemoração aos 90 anos do vizinho Tênis Clube. A comunidade do Canal 3 está contemplada. Professor Igor (PSB, primeiro mandato), originário do Campo Grande, propõe Placa em homenagem aos 40 anos do restaurante Q frango, naquele bairro, popular e em via de grande movimentação. Num escorregão, ainda pediu ao vivo, em tom de gracejo, que fossem preparados uns quitutes.
O vereador Zequinha Teixeira (PRP, primeiro mandato), com atuação no setor portuário, segue a estratégia da maioria. É dele a proposta de homenagear o ex-presidente da Praticagem, Fábio Melo Santos. Também homenageou um técnico da Receita Federal.
DE PASTORES AO SURFISTA GABRIEL MEDINA
O roteiro das honrarias visa contemplar aqueles que gostam dos holofotes ou que já os possuem. Assim, pode-se usufruir e fazer festa política com fins 
Mas, não é só a entrega de títulos, placas e medalhas que faz parecer a Câmara uma casa de exaltação ou um programa ao vivo em que se mandam beijos e abraços. O que dá este clima são os votos de congratulações. Em cada sessão, ao vivo em TV e internet, além dos votos de pesar de cada parlamentar que rendem um minuto de silêncio inicial, os votos de congratulações são permanentes. E ai vale tudo, qualquer evento relacionado a uma entidade ou personalidade. Seja aniversário, posse de diretoria ou realização, de loja Maçonica a Centro Espírita, associação de moradores, padre ou paróquia, pastor ou igreja evangélica.
EMBORA CRITICADO, ALCKIMIN TERÁ SEU TÍTULO

Em um ano e meio, até junho de 2016, foram realizadas ou estão propostas 55 sessões solenes para a entrega de homenagens. Algumas de 2015 ainda serão entregues. Preferencialmente até outubro – para que o candidato possa fazer uso eleitoral – devem ser realizadas em torno de 30 sessões desse tipo na Câmara de Santos. Campanha eleitoral paga com recursos públicos. E o uso de títulos pode crescer ainda mais. Atualmente há dois, o Título de Cidadão Emérito e o Título de Cidadão Santista. O vereador Antonio Carlos Banha Joaquim (PMDB) quer criar os títulos de Policial e Guarda Municipal Padrão do Ano. Em cada legislatura (período de 4 anos) cada parlamentar pode conceder 4 medalhas, cinco placas e dois títulos. Havia uma farra maior ainda antes de 2008, quando foi adotado o critério atual.