O Sindicato dos Médicos de São Paulo está colhendo neste mês relatos e denúncias dos médicos que atuam em serviços gerenciados de forma terceirizadas pelas Organizações Sociais (OSs). Antes do término do mapeamento dos principais problemas que atingem os profissionais e a qualidade do atendimento aos usuários, a entidade sindical divulgou uma espécie de balanço preliminar.
Em suas redes publicou um texto que dá um panorama sobre o retrocesso para o SUS e demais políticas públicas que essas OSs e a terceirização significam:
“Há uma semana, começamos uma campanha para denúncias das condições de trabalho em locais geridos por OSS. Recebemos diversos relatos e ainda mantemos o canal aberto, para que a maior quantidade de médicas e médicos tenham esse espaço, para falar de maneira segura sobre os problemas que vêm enfrentando. O link de acesso está na nossa bio, mas também pode ser solicitado na nossa DM.
Os relatos vão desde casos de violência de pacientes durante o atendimento, devido às muitas horas de espera nas filas, até ao problema do calor, pela falta de ventilação adequada. Como relatamos quando tratamos sobre a ONA, as OSS estão em busca da acreditação da Organização nas respectivas UBS e AMA e isso só tem piorado as condições de trabalho para a categoria da saúde.
Um ponto que foi muito reforçado, foi a insistência em atingir metas que não condizem com um atendimento de qualidade. Empresas que se recusam a contratar mais pessoas, porque supostamente as médicas e médicos não conseguiram cumprir a meta. O que, consequentemente, gera filas longas, espera de dias inteiros para um atendimento, falta de estrutura para aplicar vacinas ou examinar pacientes.
Essa realidade se agrava ainda mais quando vivemos em epidemia e as UBS e AMA ficam lotadas, com pacientes aguardando desde 11h da manhã e sendo atendidas ou atendidos à noite. As demandas da categoria vem no sentido de amenizar a dificuldade em prestar atendimento de qualidade à população, mas esse não parece ser uma preocupação das OSS, que se recusam a respeitar os direitos trabalhistas de suas e seus trabalhadores e até contratar mais profissionais.
Se você está passando por alguma situação parecida, preencha o formulário de denúncia.”
O canal de denúncias aberto pelo Simesp é direcionado a todas médicas e médicos que trabalham em UBS ou AMA relatarem, de forma anônima e segura, os problemas que têm enfrentado. O objetivo é elaborar, junto com a categoria, a melhor forma para agir e impedir que os profissionais continuem sendo tratados dessa forma.
Para fazer sua denúncia, basta acessar o link na bio da página do sindicato no instagram: @simesp_medicos
CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO!
Como se vê, terceirizar os serviços é fragilizar as políticas públicas, colocar a população em risco e desperdiçar recursos valiosos com ineficiência, má administração ou até má fé de entidades privadas.
Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.
Embora seja mais visível na Saúde, isso ocorre em todas as áreas da administração pública, como Educação, Cultura e Assistência Social. O saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.
Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.
Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!