Uma das justificativas que os entusiastas da terceirização dos serviços públicos costumam usar é que a gestão por meio de organizações sociais (OSs) garante profissionais mais comprometidos com a qualidade do atendimento, já que podem ser demitidos a qualquer momento.
Os noticiários não param de fornecer exemplos do quanto essa narrativa é falaciosa. Já noticiamos por aqui inúmeros casos de falsos médicos contratados por empresas quarteirizadas contratadas pelas OSs. E também mostramos diversas situações de assédio sexual e até abuso sexual cometidos por funcionários terceirizados contratados de qualquer maneira, sem a mínima checagem ou critério.
Nesta semana tivemos mais um escândalo do tipo. Aconteceu na cidade de Maricá, no Rio de Janeiro. Duas funcionárias do Posto de Saúde do Centro da cidade procuraram a delegacia para relatar um caso de assédio por um colega de trabalho. O mais absurdo é que uma das vítimas chegou a ser demitida pela organização social responsável, após relatar o caso a superiores.
As vítimas compareceram à sede da 82ª DP, no Centro, no último dia 07, e relataram terem sofrido assédio. A situação, segundo os relatos, ocorre há pelo menos sete meses. As vítimas trabalham na limpeza e contam que realizavam o serviço em um dos banheiros quando teriam sido trancadas por outro funcionário, que teria dito que queria fazê-la feliz.
Em outra ocasião, uma das vítimas relatou em seu depoimento que o assediador teria dito para ela – que estava gestante – que tinha vontade de ter relações com uma mulher grávida.
A outra vítima também relatou casos de assédio do mesmo funcionário, informando que o mesmo fotografava constantemente o corpo das mulheres e que a chamava para sair após o serviço, mesmo sabendo que ela é casada.
Em nota, a “Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Saúde (SMS), informa que não houve qualquer registro anterior de assédio sexual ou outro comportamento inadequado por parte da funcionária, que atua em uma empresa prestadora de serviços da Organização Social (OS) responsável pela Atenção Primária do município. A SMS esclarece ainda que, ao tomar conhecimento da denúncia, abriu uma sindicância interna para apurar os fatos junto a OS.”
Veja abaixo outros casos noticiados aqui no Ataque envolvendo assédio ou abuso sexual em unidades de saúde terceirizadas para OSs que, por sua vez, contratam empresas “quarteirizadas” para fornecer serviços:
Araçatuba (SP)
Paciente denuncia abuso sexual em PS terceirizado
Santos (SP)
Paciente denuncia abuso sexual na UPA Central de Santos, terceirizada para FUABC
Vítima de abuso sexual na UPA de Santos questiona secretário em reunião do Conselho de Saúde
Mauá (SP)
POLÍCIA INVESTIGA ENFERMEIRO SUSPEITO DE MOLESTAR PACIENTE EM HOSPITAL GERIDO PELA FUABC
São Paulo
TÉCNICO DE ENFERMAGEM TERCEIRIZADO É PRESO EM FLAGRANTE POR ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Peruíbe (SP)
TÉCNICO EM ENFERMAGEM DE UPA TERCEIRIZADA É CONDENADO A 17 ANOS DE CADEIA