PROTESTO FAZ CÂMARA DE SANTOS ENCERRAR SESSÃO

Aos gritos de "Sem negociação, não tem sessão!", cerca de 100 servidores inviabilizaram os trabalhos na Câmara de Santos ontem à noite. Usando apitos e buzinas, eles cobravam a revisão do percentual de reajuste oferecido pela Prefeitura à categoria, de 6%, considerado "absurdo". O presidente do Legislativo, Marcus De Rosis (PMDB), chegou a abrir a sessão duas vezes mas, seguindo o artigo 81, Inciso 1, do regimento da Casa de Leis, encerrou os trabalhos por "tumulto grave".

Uma faixa estendida na galeria deixava clara a posição dos manifestantes: reajuste de 28,53%, mesmo índice concedido ao prefeito João Paulo Tavares Papa (PMDB) e secretários municipais. A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Santos (Sindserv), Andréa Braga Salgueiro, mandou um recado: se até segunda-feira pela manhã as negociações não forem reabertas, parte do expediente nas repartições públicas da Cidade vai parar.

"A princípio, será uma paralisação parcial. Aí, vamos acumular forças para uma nova avaliação e, quem sabe, uma paralisação total". A sindicalista quer o apoio dos vereadores da base governista. "Vamos obstruir todas as sessões até que ele (prefeito) reabra as negociações. Queremos forçar, principalmente os vereadores da base governista, a convencerem o prefeito".

A presidente do Sindserv classificou como "absurdamente baixo" o reajuste oferecido, que abrange ainda cesta básica e auxílio-alimentação. "Eles dizem que haverá queda na arrecadação, mas não provam com números. Comparando os números do primeiro bimestre com os do ano passado, a arrecadação foi maior", argumentou. "Ele (prefeito) não está repondo nem a inflação do ano, que na média dos índices foi de 7%".

Conforme o Sindserv, incluindo os aposentados, Santos tem cerca de 12 mil servidores.

IRRITADO

O presidente da Câmara, Marcus De Rosis, ficou irritado com a manifestação, pois, apesar do esforço e do uso do microfone, não conseguia se sobrepor ao barulho vindo da galeria. Ele garantiu que para a sessão de segunda-feira a entrada da populaçãoserá "organizada", citando a possibilidade de proibição de entrada de apitos e buzinas no recinto, "para que haja condição de os vereadores exercerem seu mandato".

O presidente disse que os acontecimentos de ontem não representam o comportamento do funcionalismo santista. "O que nós vimos aqui não foi uma manifestação organizada, ordenada. Foi baderna. Dessa forma, eles acabam fechando as portas da negociação".

Líder do prefeito na Câmara, Manoel Constantino (PMDB) salientou que o projeto de reajuste dos servidores sequer chegou ao Legislativo. "O Governo teria prazer em dar o máximo possível, mas muitos vezes não é como o Governo quer", disse ele, condenando o comportamento dos servidores. "A democracia que eu conheço não é isso que a gente viu aqui hoje".

EM DEFESA

As petistas Cassandra Maroni Nunes e Telma de Souza julgaram a ação dos servidores legítima. "Eles estão no direito de se manifestar. Espero que o presidente reúna os vereadores para discutir como a Casa pode, respeitar a luta deles sem paralisar o seu funcionamento", disse Cassandra.

"Pode-se até questionar a forma (do protesto), mas (os servidores) estão cobertos de razão", opinou Telma de Souza .

ALEMOA

Uma comissão de vítimas do incêndio na Alemoa, na Zona Noroeste, em dezembro de 2006, também esteve ontem na Câmara. Os representantes reclamam de atraso na entrega do Conjunto Habitacional Cruzeiro do Sul 2, no Morro da Nova Cintra, previsto para ser entregue em novembro.

Segundo Maria Lúcia Cristina Silva, o auxílio-aluguel de R$ 250,00 oferecido pela Prefeitura de Santos é baixo e precisa ser complementado pelos desabrigados. São 166 famílias, no total.

Beto Mansur
O encerramento prematuro da sessão da Câmara acabou adiando a votação das contas do ex-prefeito de Santos e atual deputado federal Beto Mansur (PP) relativas a 2004, item mais importante da ordem do dia. O parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE) é pela reprovação e o prazo final para que o assunto fosse incorporado à pauta dos legisladores ­ o que já foi feito ­ expirava ontem.

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