Médicos terceirizados cobram salários atrasados e apontam descaso em hospitais gerenciados por OSs

Médicos terceirizados cobram salários atrasados e apontam descaso em hospitais gerenciados por OSs

Médicos contratados de forma terceirizada em quatro hospitais estaduais de Mato Grosso paralisaram as atividades no início de outubro. Eles alegam que estão sem receber os salários há três meses.

Fazem parte do movimento os médicos dos Hospitais Regionais de Colíder, Alta Floresta e Sinop e também do Hospital Metropolitano, em Várzea Grande.

Os profissionais pertencem a empresas ou cooperativas que contratam profissionais para atuarem nas unidades hospitalares. Segundo informou o site Mídia News, o Governo não realiza repasse às empresas há três meses por conta de ” falta de documentação e certidões a serem apresentadas pelas empresas”.

Por enquanto a greve afeta os setores ambulatoriais e eletivos nos hospitais regionais de Colíder, Alta Floresta, no Hospital Metropolitano em Várzea Grande, e o setor de pediatria do Hospital Regional de Sinop.

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De acordo com o representante do Hospital Regional de Colíder, o médico pediatra Antônio Batista de Queiroz, são várias as dificuldades enfrentadas pela categoria. Ele se reuniu com representantes do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed-MT) e comentou sobre a  precariedade e o sucateamento das unidades hospitalares que também são reclamações feitas pelos médicos das unidades que estão paralisadas.

Queiroz contou que registrou um Boletim de Ocorrências para evitar futuros problemas, em razão das condições do Hospital de Colíder. O sucateamento da UTI e a falta de respiradores para os pacientes foram um dos pontos principais para a denúncia, declarou o médico.

“Registrei um Boletim de Ocorrências para relatar como o Hospital está sucateado e evitar problemas com a Polícia, caso aconteça algo [referindo-se à precariedade do local]”, disse.

Ele ainda ressaltou  o desprestígio que a classe enfrenta. “Trabalho como médico pediatra há 31 anos e nunca me senti tão desprestigiado na categoria médica, como estou me sentindo hoje”, afirmou.

Conforme o médico, o hospital atende cerca de 150 mil pessoas por mês, incluindo pacientes de municípios que ficam no entorno da cidade. Ele observou que os médicos permaneceram trabalhando normalmente, mesmo sem receber o salário. Porém, após não haver um novo posicionamento do Governo, decidiram pela paralisação. “Estamos há três meses sem receber nosso salário. Queremos receber o valor pelo trabalho que fazemos. Hoje, estamos pagando para trabalhar”, disse

Luta contra a privatização

A presidente do Sindimed, Eliana Maria Siqueira de Carvalho, contou que o sindicato vem lutando desde 2012 para que a Saúde do Estado não seja privatizada.

A líder sindical acredita que contratar empresas para gerir a Saúde Pública é “um atraso” para o Estado e para a população. “A Saúde não é mercadoria, por isso não deve ser repassada a terceiros, como o Estado está fazendo”, disse.

A presidente do Sindimed-MT afirmou que o “mercado” da Saúde se refere às empresas e cooperativas que foram contratadas pelo Estado para gerir unidades médicas e às dificuldades de gestão das Organizações Sociais de Saúde (OSS). “As empresas contratadas não cuidam dos aparelhos fornecidos pelo Estado, nem fazem manutenção, por isso fica tudo sucateado”, disse.

Eliana contou que as empresas tratam os pacientes visando a maior lucratividade durante os atendimentos. “Além disso, os casos mais complicados são repassados ao atendimento público e as empresas ficam com os casos mais simples, porque dá mais retorno financeiro”, completou.

Emergências estão mantidas
Apesar das paralisações nas quatro unidades médicas, o Sindimed-MT disse que os atendimentos de urgência e emergência continuam sendo realizados normalmente.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou o atraso no repasse feito às empresas que contratam médicos para as unidades hospitalares.

A pasta afirmou que os atrasos ocorreram devido a inconformidades administrativas nos processos de pagamento, como falta de documentação e certidões a serem apresentadas pelas empresas, e também devido à falta de fluxo dos processos dentro da SES. “Mas, assim que forem sanadas as irregularidades, os pagamentos serão iniciados”, afirma o comunicado.

 

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