A quinta-feira passada foi de resistência dos profissionais de educação de Goiás. Aproximadamente 500 pessoas, entre professores e estudantes, se reuniram na Praça do Bandeirante, em Goiânia, na tarde da última quinta-feira (20/11), para protestar contra a implantação do modelo de gestão compartilhada com as organizações sociais (OSs) no Estado.
Por volta das 17h30, professores da rede estadual, de cursos de licenciatura e alunos seguiram em caminhada até a Praça Cívica.
Os manifestantes colocaram fogo em oito pneus e os bombeiros foram acionados. Segundo manifestantes, foram lançados pó químico de extintor e água de coloração escura nos participantes quando eles evitavam que o fogo fosse apagado. Assista aqui as imagens
O professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Álcio Crisóstomo, explicou ao site O Popular, que o manifesto não possui bandeira partidária ou grupo político. Ele contou que a principal insatisfação é por conta do fim dos concursos públicos na área da educação. Ele prevê crise no sistema educacional, já que essa medida de governo inibirá o interesse dos candidatos às licenciaturas, por falta de garantia de emprego estável.
O grupo de professores deverá encaminhar carta para a Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) ainda hoje para solicitar conversa com a titular da pasta, Raquel Teixeira. “Queremos ouvir da secretária o que está sendo planejado e o que justificaria cancelar concursos na área”.
O docente acredita que, com a implantação das OSs, a elaboração do plano pedagógico das escolas e, eventualmente, o próprio ensino, podem ser prejudicados. “Essa escola que for gerida por uma OS vai deixar de ser gerida pela comunidade. A Lei de Diretrizes Básicas da educação nacional diz que a escola tem que girar em torno desse projeto político pedagógico, que tem que ser elaborado pela comunidade escolar. Não tem como dissociar o pedagógico do administrativo”, argumentou.
Implantação
A exemplo de outros governos e prefeituras, a terceirização das políticas públicas está prevista para ser implantada em Goiás sem a discussão com a sociedade civil. Na última quarta-feira (18/11) a Secretaria de Estado da Educação informou que as OSs, que já devem começar a atuar no início do ano que vem.
O objetivo é que as OSs passem a gerir, em caráter experimental, até 30% das unidades escolares que integram as subsecretarias de Educação de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Trindade, e do Entorno do Distrito Federal. A relação das escolas escolhidas ainda não foi divulgada.