Meu Lar: Para muitos, o sonho que virou frustração
O Programa Habitacional "Meu Lar" promovido pela prefeitura de Santos representava uma grande esperança aos trabalhadores que almejavam finalmente sair do aluguel. Para muitos, o sonho virou pesadelo e frustração. Isso porque, inicialmente o governo alardeou mundos e fundos de facilidades no pagamento, mas agora, na hora de assinar os contratos, os servidores viram que não é bem assim.
No Diário Oficial do dia 3 de novembro de 2014, por exemplo, está escrito que a construtora faria o financiamento do pagamento da entrada "em prestações no decorrer da construção, que tem duração estimada de 18 meses". Ou seja, segundo a publicação oficial do governo, seria possível parcelar a entrada em um ano e meio. E mais, as parcelas da entrada não encavalariam com as das prestações, já que essas últimas só começarão a ser pagas quando acabar a construção, com as chaves já em mãos. Isso facilitaria e muito para a maioria dos servidores sorteados que não têm guardado quantia tão alta.
Não foi isso que se viu em dezembro, quando os servidores foram convocados para a assinatura de proposta de venda e compra. Ou você declarava que tinha todo o valor de entrada e assinava contrato assumindo que pagaria o montante à vista ou teria que assinar outro documento declarando que estava abrindo mão do apartamento.
Para se ter uma idéia do que esses valores representam, a entrada (que varia de 10 a 20% do imóvel) pode chegar a quase 37 mil reais. Veja quanto o servidor precisaria ter guardado para pagar à vista essa entrada:
Unidade | Valor total | 10% de entrada | 20% de entrada |
41,95 m² (1 quarto) | R$ 139.000,00 | R$ 13.900,00 | R$ 27.800,00 |
55,25 m² (2 quartos) | R$ 178.977,52 | R$ 17.897,75 | R$ 35.795,50 |
57,71m² (2 quartos) | R$ 184.700,00 | R$ 18.470,00 | R$ 36.940,00 |
Que funcionário público tem esse dinheiro todo debaixo do colchão??? Excetuando os que já estavam se planejando para comprar um imóvel próprio, os demais servidores acabaram sendo pegos de calças curtas por terem acreditado na propaganda enganosa que a prefeitura fez para se auto-promover.
No Diário Oficial de hoje (16/01) foi publicado o que já era previsto: Muitos dos servidores que passaram pelo concorrido sorteio tiveram que desistir de seu sonho, tendo a prefeitura que abrir novas inscrições.
Os baixo salários praticados pela prefeitura de Santos expulsa os servidores para cidades cada vez mais distantes. O Programa Habitacional para os servidores, além de somente diminuir os valores de um mercado altamente especulativo e contemplar apenas 320 trabalhadores, está servindo muito mais de propaganda do que para amenizar de fato a dura realidade.
Queremos melhores salários para morar com dignidade!