Servidores não se conformam com mudanças e privatização do PS da Zona Leste
Para terceirizar a unidade para uma OS a Prefeitura vai transferir os atendimentos para imóvel menor e improvisado.
“Estamos sem informações e sem respostas. Nada é dito para os funcionários. Escutamos que vamos mudar no dia 15, mas ninguém fala nada. Resumindo: estão privatizando a cidade e tratando os funcionários como lixo. É uma absurdo, pois a Prefeitura tem profissionais concursados para trabalhar e tem o prédio, mas preferem fazer mudanças sem propósitos e gestão por OS”.
A fala da técnica de enfermagem do Pronto Socorro da Zona Leste de Santos, Alessandra Bibian, captada pelo jornal Diário do Litoral, representa a insatisfação dos funcionários diante das mudanças na unidade conduzidas sem aviso e sem diálogo pela Prefeitura.
Reunião dos servidores com o Secretário de Saúde será realizada no dia 25/08 (quinta-feira), às 14h30, no prédio do Banco do Brasil (R. XV de Novembro, 195, Centro).
O PS da Zona Leste é mais um serviço que vai virar UPA a ser entregue para as organizações sociais (OSs), entidades ditas do terceiro setor e que tantos problemas têm trazido para UPA Central e também para unidades hospitalares de outras cidades da Baixada e do Brasil.
Enquanto o prédio será reformado para virar UPA, o atendimento será feito em um local menor e menos adequado. Menos tipos de procedimentos a serem realizados e um menor número de leitos estão entre as principais queixas dos trabalhadores.
Conforme a reportagem do Diário do Litoral, os profissionais dizem que os equipamentos de ar-condicionado da unidade começaram a ser retirados há 15 dias. Eles afirmam que atualmente o PS possui 16 leitos, sala de radiografia, ortopedia e pediatria, além de uma sala de emergência com uma cama e capacidade de alocar outras 5 macas. A nova unidade conta com 4 leitos, e apenas os serviços de enfermagem e clínica geral.
“Não sabemos se os plantões e horários serão mantidos e para onde nós vamos. No novo imóvel não cabe nem um terço dos profissionais, além de não atender toda a demanda. A população que vai sofrer. Não sairemos daqui. Ou vai todo mundo para o mesmo lugar ou ninguém vai”, afirma a auxiliar de enfermagem Silvete Hadad.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Santos (Sindserv), esteve no local nesta quinta-feira (11) e prometeu denunciar os fatos à população, que será diretamente afetada pela situação.
“Vamos escrever uma carta para população para esclarecer os riscos do pronto-socorro ser efetivamente retirado daqui e retornar posteriormente como uma UPA, com serviços completamente reduzidos. Esse material será distribuído aqui no bairro, para informar para população que o atendimento de saúde está correndo risco”, afirmou o presidente do Sindserv, Flávio Saraiva.
Pacientes do PS da Zona Leste são as novas vítimas da terceirização em Santos
Para construir uma nova unidade e depois entregá-la para uma empresa, Prefeitura vai transferir o atendimento para um local muito menor e improvisado; vários serviços que hoje existem no PS serão suspensos.
Não é segredo que o serviço de urgência e emergência que atende a população da Zona Leste de Santos é insatisfatório e que o sistema vem sendo sucateado por anos pelos governos que se revezam no poder. Porém, o que é ruim vai piorar ainda mais! E já nas próximas semanas!
Depois de terceirizar o PS Central, transformando-o em uma UPA gerida por uma empresa repleta de irregularidades no currículo, e de entregar a gestão do Hospital dos Estivadores para uma Organização Social (OS), o Governo de Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) começa a fazer o mesmo com o Pronto Socorro da Zona Leste.
A Prefeitura gastará milhões para demolir o atual prédio e construir um outro no mesmo lugar e todo esse investimento será entregue de presente para uma OS administrar, em troca de gordos repasses de dinheiro.
Esta OS certamente contratará outras empresas fornecedoras de mão de obra, que por sua vez também lucrarão com o dinheiro que o santista paga em impostos. A futura empresa gestora poderá usar toda a estrutura e equipamentos custeados com dinheiro público sem investir um centavo. E terá carta branca para comprar com verba do SUS todo o tipo de material e medicamentos.
Tudo isso sem licitação, pelo preço que quiser e de quem quiser e sem estar sujeita a fiscalização quanto à qualidade do serviço e quanto ao uso dos recursos! Esse é o negócio dos sonhos para qualquer empresário. Não precisa investir, não tem riscos e ainda é possível economizar na qualidade para aumentar os ganhos. Até que isso aconteça, a população que depende do atendimento do PS da ZL vai pagar com muito sofrimento. É que por pelo menos 18 meses (tempo estimado para a construção do novo imóvel onde funcionará a UPA) o povo vai precisar buscar atendimento em um outro local menor e sem estrutura.
Os servidores que atuam na unidade não se conformam em ser remanejados para um prédio sem condições de trabalho. Muitos se sentem obrigados a prestar um atendimento improvisado. Vários serviços serão suspensos e as pessoas terão de procurar atendimento em outros locais, peregrinando para passar pelo traumatologista, fazer um Raio X, uma imobilização ou mesmo para conseguir um leito.
Na última sexta-feira (11), sábado (12) e também nesta segunda (15), os trabalhadores exigiram explicações da Secretaria de Saúde e, no dia seguinte, entregaram uma carta aberta à população denunciando tudo o que está acontecendo.
Local provisório, o “puxadinho”, tem inúmeros problemas
Um imóvel inseguro, apertado e sem a estrutura necessária para funcionamento de uma unidade de urgência e emergência.
Assim será, por no mínimo um ano e meio, o local onde funcionará o PS da Zona Leste de Santos enquanto a unidade definitiva for construída para ser entregue a uma Organização Social (OS).
São muitos os pontos negativos deste novo prédio (na Av. Afonso Pena, 386), batizado pelos funcionários de “puxadinho”. Os impactos serão sentidos pelos usuários e trabalhadores dos serviços de saúde de Santos, além da comunidade escolar da unidade estadual de ensino Suetônio Bittencourt Jr, que fica ao lado do PS que será derrubado para dar lugar a uma UPA (veja no quadro).
Em reuniões com os funcionários o chefe do Departamento Hospitalar de Santos, Marcos Sérgio Neves Duarte, admitiu as carências e deficiências do imóvel, alugado há um ano e sete meses por R$ 25 mil por mês (ou seja, já foram gastos R$ 475 mil) e que passou por uma reforma que custou aos cofres públicos R$ 556.025,02*. “É temporário, é provisório. Não é perfeito. falta mesmo um monte de coisas, mas nós procuramos muito outro imóvel e não foi encontrado”.
Com esse tipo de justificativa, só para abrir as portas de um serviço meia-boca e em condições improvisadas, a Prefeitura vai gastar mais de R$ 1 milhão.
Depois serão gastos R$ 5.595.883,73 para a construção da futura UPA que substituirá o atual PS da Zona Leste. Valor sem contar com os aditamentos.
E tudo isso deverá ser entregue de mão beijada para uma empresa gerenciar. Essa tal empresa, que o governo chama de OS, não investirá um centavo na unidade e ainda deverá receber repasses que podem ser estimados em R$ 20 milhões ao ano, se levarmos em conta o valor pago atualmente para a Fundação do ABC comandar a UPA Central (R$ 19,1 milhão).
Portanto, toda essa engenharia financeira para privatizar um único serviço de saúde custará aos cofres públicos R$ 6,6 milhões inicialmente. Quando enfim estiver funcionando, serão mais cerca de R$ 20 milhões ao ano para manter o serviço com força de trabalho terceirizada e de qualidade mais do que duvidosa.
Lembrando que Santos já tem funcionários concursados que atuam no PS da Zona Leste. Funcionários que agora estão com futuro incerto, já que nem o secretário de Saúde, Marcos Calvo, e nem o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), candidato à reeleição, esclarecem o que será feito deles depois que a UPA iniciar o atendimento terceirizado.
Os servidores decidiram que não vão mudar de unidade antes que seja realizada uma reunião diretamente com um dos dois mandatários para esclarecer esta questão. Essa reunião será realizada no dia 25/08 (quinta-feira), às 14h30, no prédio do Banco do Brasil (R. XV de Novembro, 195, Centro).
Em resumo: foi gasto uma montanha de dinheiro dos cofres públicos para reformar um prédio velho, onde a população sofrerá com menos serviços e atendimento improvisado.
Enquanto isso, uma outra montanha de dinheiro vai servir para construir uma nova unidade que será entregue novinha em folha para uma empresa. E o serviço vai ficar precário do mesmo modo, haja vista o que está acontecendo com a UPA Central, onde as pessoas chegam a esperar 5 horas para serem atendidas por médicos recém-formados.
Todo esse dinheiro será usado sem nenhuma transparência. Esse dinheiro é seu! Vem dos recursos que você, santista, paga em impostos. Portanto, você e sua família serão lesados duas vezes! E a vida de todos estará em risco.
Veja abaixo todos os pontos negativos que essa mudança envolve e como ela impactará no dia a dia da população: