Até quando respeitar a Justiça?
Para muitos a resposta é imediata: SEMPRE! Para outros é o oposto: NUNCA! Vamos agora, com calma, explanar sobre o assunto: Para nós essa decisão depende diretamente das circunstâncias.
Não é ficar em cima do muro, nem nada disso. Acontece que, para o SINDSERV, não interessa apenas estar com a razão, propor apenas o que gostaríamos que acontecesse e tapar os olhos para a realidade.
A categoria deu importantes passos na consciência durante esse processo de mobilização. Muitos estão tendo a primeira experiência em movimentos e avançaram, e muito. Um imenso aprendizado que não pode ser jogado no ralo. Mas, como esperado, o movimento esbarrou em um limite, o limite imposto por uma juíza a pedido do Paulo Alexandre (embora a greve esteja amplamente amparada pelas Leis).
Durante todo o processo foi mencionado que a probabilidade de chegar nesse limite era grande e que seria preciso ultrapassá-lo. Foram dadas inúmeras referências de vitórias dos trabalhadores que ousaram ultrapassar essa barreira da legalidade e venceram. Indo mais longe, no geral, nós (enquanto classe trabalhadora) não teríamos conquistado direito algum caso não desrespeitássemos em algum momento as Leis vigentes. Vale lembrar: A escravidão estava prevista em Lei, assim como o holocausto era legalizado e a segregação racial, só para citar alguns exemplos extremos.
Na noite de ontem chegamos ao limite de tomar essa decisão e o SINDSERV Santos recomendou por não atravessar os limites da legalidade. Mas isso não porque acredita que as Leis e a Justiça devam ser respeitadas sempre. Mas porque teve a clareza em perceber que grande parte dos que estão juntos agora não continuariam caso a greve fosse decretada ilegal ou abusiva.
Hoje, com a greve considerada Legal, inúmeros servidores já dividem as angústias de ter os dias descontados, perder a licença prêmio e até ser exonerado. Se encaramos uma greve Ilegal essas angústias se ampliariam e se tornariam ações concretas de volta ao trabalho.
Sem grande parte desses que voltariam aos poucos ao trabalho, os riscos de encarar uma greve Ilegal aumentaria consideravelmente. Os riscos de uma grande derrota pelo esvaziamento do movimento seriam enormes. E, caso isso acontecesse, todo o vitorioso processo de avanço nas consciências sofreriam um grande retrocesso.
Respeitamos a opinião dos colegas que saíram frustrados da assembleia. Ficamos felizes em saber que um grupo da categoria já tem a percepção que a Justiça tem lado (e não é o dos trabalhadores). Porém, para além desse pequeno grupo, é preciso ver o todo.
Sem a categoria não adianta ir em frente, sozinhos, só para ter razão ou para ficar com a consciência limpa.
Essa greve não começou no dia 9, foram anos e anos de construção, avanços e recuos, até que o sindicato ganhasse a confiança de boa parte da categoria. Essa confiança vem exatamente do fato do sindicato não propor passos maiores que as pernas.
A LUTA CONTINUA!
A categoria continua em greve na Campanha Salarial. É hora dos trabalhadores, que não estão impedidos de realizar greve, fazer valer esse direito que foi cerceado aos demais colegas da Saúde, Educação e Assistência Social por essa Ação judicial inconstitucional tão procurada e por hora conseguida por Paulo Alexandre.
É hora dos servidores multiplicarem o vigor por três.
A LUTA CONTINUA! A GREVE CONTINUA!