CARTA ABERTA À POPULAÇÃO SOBRE A VOLTA ÀS AULAS PRESENCIAIS
O SINDSERV Santos vê com indignação a insistência do governo municipal de reiniciar em fevereiro as aulas presenciais na rede municipal de educação, expondo deliberadamente os membros da comunidade escolar ao risco de morte pela COVID-19, e ao risco comprovado de sequelas graves para as pessoas que adoecem e não chegam a óbito.
Diante disso, vimos deixar nosso contundente posicionamento em defesa da vida e alertar a todos para o seguinte.
1- Em todo o país vemos um aumento alarmante de contágio e de mortes por COVID Estamos em pleno avanço da chamada “segunda onda”, com a pandemia completamente descontrolada.
2- Santos é a cidade com o maior índice de mortalidade do Estado de São Paulo. Já passamos de 1.000 mortes registradas.
3- Mesmo sem aulas presenciais, cerca de 6,7%, dos mais de 35 mil casos de COVID registrados na cidade, concentram-se na faixa etária dos 0 aos 19 anos. Temos inclusive registro de morte de criança com menos de 9 anos.
4- O alto número de vagas em leitos que o governo tanto enaltece, foram abertos porque AS PESSOAS QUE ESTAVAM LÁ MORRERAM! Compare os número dos últimos dias, entre as pessoas que foram internadas e as que morreram:
18/jan: 971 mortes e 143 internações;
19/jan: 978 mortes e 139 internações;
20/jan: 985 mortes e 131 internações;
21/jan: 1010 mortes e 120 internações.
5- Não temos um programa de vacinação confiável. Não há perspectiva que em curto prazo tenhamos uma quantidade de vacinas suficiente para imunizar a comunidade escolar na nossa cidade.
6- As relações do Brasil com os principais países que fornecem insumos para a produção de vacinas estão imersas em confrontos, negacionismo e politicagem ideologizada criados pelo governo federal. Não bastasse isso, a distribuição das poucas vacinas aqui produzidas virou objeto de luta partidária visando a próxima eleição presidencial.
7- É verdade que todos, exceto a pequena parcela de sociopatas na política, negacionistas suicidas e/ou gananciosos que puseram o lucro acima da vida (a vida dos outros, claro), fomos muito afetados pelas mudanças produzidas pela COVID. Mudanças da rotina da vida, da forma de trabalhar, dificuldades emocionais decorrentes do isolamento social e afastamento dos parentes e amigos, desemprego, entre outras. Mas essas dificuldades não podem nos levar a insanidade de fazer de conta que a pandemia acabou, que a morte não está à espreita.
8- Nesse exato momento, países dos mais avançados do mundo, considerando o aumento de mortes provocadas pela segunda onda da COVID, estão decididamente retomando as medidas de lockdown. E nós, em um momento quando se constata o aumento das mortes, vamos retomar aulas presenciais? As milhares de famílias dos alunos, funcionários, professores e equipes, sairão ilesas dessa macabra experiência?
9- O retorno às aulas presenciais, ainda que seja escalonado, propiciará um aumento no número de contaminações e mortes e não modificará os níveis de aprendizagem. Sabemos que a educação virtual neste momento não dá acesso a todos e marginaliza parte dos alunos. Que o governo municipal qualifique e amplie a escolarização remota e coloque a vida dos alunos, pais, avós, educadores e de suas famílias acima de tudo.
O Sindserv está alertando a todos para os graves riscos de retorno das aulas presenciais antes da vacinação que contemple toda a comunidade escolar. Não seremos cúmplices de ações políticas e administrativas que redundem em morte, porque a vida não tem preço.
Sindicato dos Servidores Municipais de Santos